sexta-feira, 29 de julho de 2022

MINAS ERA O FORTE DA GUERRILHA

ABRIL DE 1972 MINAS ERA O FORTE DA GUERRILHA

Numa operação junto do Chipute no regresso em dia chuvoso no dia 16-04-1972 quando a coluna militar regressava à Chiringa eis que foi acionada uma mina anticarro. por um Unimogue 404 conduzido pelo Soldado Francisco Caeiro caso curioso dois furriéis desentenderam-se que queriam ocupar o lugar ao lado do condutor Caeiro, ficou no lugar Furriel Freire, o Furriel enfermeiro. 

Todos estavam encharcados, as viaturas à imenso tempo que transportavam sacos de areia para oferecerem resistência ao rebentamento das minas. 

Só que nesse dia, os respectivos sacos deviam de pesar o triplo, pois estava tudo encharcado. 

Ocorre o acionamento da mina esta explosão por sinal bastante violenta, todos os militares transportados na viatura são cuspidos em todas as direcções, a explosão foi de tal ordem que a viatura ficou em sentido inverso aquele que seguia. 

Tudo ficou em pé de guerra, tinha passado uma Berliet sem problemas, e surge a surpresa. 

Resultado um ferido aparentemente com gravidade, solicitamos a evacuação o helicóptero demora uma eternidade o Furriel a evacuar dá pouco acordo de si deita sangue da boca prevê-se algo de grave. 

Com a demora do tempo de evacuação o Furriel Freire começa a reagir, os militares que o rodeiam começam a ficar aliviados apesar deste não fazer sentido algum tipo de conversa que ia tendo. 



Sendo um Furriel de características especiais, em rega geral todos gostavam da sua loucura permanente, ninguém sabia como ser o mais útil possível a tremendo sinistrado. 

Passado imenso tempo foi evacuado, tinha muita dor de costas seguiu para o hospital do Songo passado dias regressa de novo à Chiringa todo empenado e torto pois tinha quebrado duas vértebras, disse o médico que o assistiu, se têm sido as vértebras seguintes corria o risco de ficar numa cadeira de rodas. 

Passado dias recebemos a visita dos Senhores Coronel Rodrigo da Silveira e Major Galeano. 

Com o Senhor Comandante do CODCB Coronel de Cavalaria Rodrigo da Silveira, eu por sinal sentia sempre uma certa orticária na presença Dele, pois o mesmo, era militar exigentíssimo, pessoa muito competente, e tudo tinha de ser feito como mandava, de tal maneira, que até intervinha no procedimento das transmissões, claro que me saltava a tampa, mas fazendo das tripas coração, fazia sentir ao Senhor da Guerra que as transmissões tinham procedimentos adequados e nunca podiam ser alterados em função de qualquer Comandante. 

Por norma estávamos em desacordo, mas creio que Ele procedia assim comigo, porque no fundo gostava de me ouvir, e tinha uma boa impressão minha, como Furriel de transmissões, mais do que uma vez o participou ao nosso Comandante de Companhia o Capitão Duarte Salvado da Cunha Raimundo. 

Nessa visita relâmpago, o Senhor Coronel, estava um pouco adoentado, mas queria estar sempre encima do acontecimento, vai para o posto rádio, deita-se numa cama de um operador, e aguarda resposta de uma operação que estava a decorrer na zona das minas, eis que nos apercebemos, que ocorreu algo de muito grave na Coluna de Tete, para o Songo. 

Sim tinha explodido, o carro de explosivos de transporte desse material para Cabora Bassa, o Senhor Coronel cheio de dores de estômago, mais aquele desaire de uma explosão de 7.000Kg de explosivos o Senhor  ficou transtornado. 

Resultado:

Partiu para Estima, afim de se inteirar do problema em pormenor. Da viatura que explodiu, apenas ficou maior as rodas dentadas da caixa de velocidades, num raio de acção de quinhentos metros, tudo plano, abre uma cratera na estrada alcatroada onde cai a viatura militar esta fica abaixo do plano da estrada, os ocupantes da viatura sinistrada, desintegraram-se, militares mortos entre eles um Furriel de uma Companhia que apoiava a nossa CCS na Chipera. 

Aconteceu nesse dia que o técnico dos explosivos dos transportes fez a maior mina encima de uma viatura de toda a Guerra do Ultramar Português pois colocou no meio dos explosivos seguramente os detonadores o carro militar tinha ordem de disparar sobre qualquer viatura que o tentasse ultrapassar  cumpriu com a ordem recebida e deu-se o incidente. 

Tudo fico calado perante este facto só o Distrito de Tete na área militar teve conhecimento de tal ocorrência nem a guerrilha se atreveu a tanto espero que a criatura que fez a asneira nunca tenha sido condecorado ou louvado. 

Gostava imenso de saber o resultado do inquérito levantado.

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