domingo, 12 de maio de 2019

OS CORNETEIROS DO BCAÇ 3843

OS CORNETEIROS DO BCAÇ 3843
O sol despontava timidamente no horizonte, e assim como um ritual respeitado há gerações, os homens da corneta tomavam os seus lugares, prontos para iniciar mais uma jornada de despertos e recordações. Com precisão, eles ressoavam as notas que cortavam o ar fresco da manhã, fervilhando a vida naquelas alamedas e quartéis que memoravelmente abrigavam camaradas.
O toque inicial, o da alvorada, era uma melodia que transpunha a tranquilidade da noite para a agitação do novo dia. Era um chamado à ação, um lembrete de que a vida seguia, mesmo após tempos difíceis. O toque a reunir reforçava a união, enquanto o toque para o fim dos trabalhos fazia ecoar a liberdade conquistada ao longo do dia. Já o toque de silêncio, sutil e respeitoso, fazia-nos lembrar aqueles que partiram, uma homenagem à perseverança em tempos de incerteza.
Todos aguardavam ansiosamente pelo toque da "Terciária", o momento em que a avioneta DO cruzava os céus, trazendo a esperança na forma de correio e víveres. Era um símbolo de ligação com o mundo exterior, uma promessa de que a vida continuava, mesmo quando as notícias eram escassas.
Ser corneteiro era um compromisso, uma responsabilidade que exigia pontualidade e atenção constante ao passar do tempo. Ribeiro, Aníbal e seus companheiros, cada um com a sua história, formavam uma equipa inseparável. E naquele manhã do dia 28 de Maio de 2022, a carga emocional e a alegria se entrelaçavam quando Ribeiro, em Viseu, surpreendeu a todos ao tocar seu saxofone para o início do almoço de confraternização.
O saxofone, com seu som rico e envolvente, trazia uma nova dimensão à celebração — uma nota de esperança, de renovação e de amizade, precisamente no nosso 28º Encontro.
Aquela recepção calorosa e familiar reafirmava laços que a pandemia, naquele momento, não conseguira desvanecer. Era um lembrete de que, apesar das adversidades, a música e a camaradagem sempre encontrariam um jeito de se fazer ouvir.
Assim, a jornada continuava, entre acordes de corneta e melodias de saxofone, onde cada nota contava uma história, fazendo ecoar na memória de todos os presentes.

Nesta foto estão os mesmos intervenientes que ladeiam a Lizete Lopes que em 1971 integrava uma equipa do MNF que visitava militares sediados em zonas de guerra. Neste caso foi em Chipera.
 Aqui estão os quatro corneteiros de serviço, aqueles que todas as manhãs nos acordavam bem cedinho.

Victor Pessa - Furriel Miliciano

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