terça-feira, 8 de março de 2022

AS ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS - DIA DA MULHER

A propósito do DIA DA MULHER, trago hoje um pequeno excerto de uma publicação sobre as seis Marias paraquedistas.

"AS ENFERMEIRA PARAQUEDISTAS"

A 6 de Junho de 1961, apresentaram-se em Tancos 11 corajosas mulheres, que tinham de ser solteiras ou viúvas sem filhos e com idade compreendida entre os 18 e os 30 anos. Apenas seis alcançaram o brevê: as “Seis Marias”.


Equiparadas a militares, eram sujeitas a um rigoroso treino, exatamente igual ao dos homens, usavam uniforme e camuflado e tinham patente militar.

Como funções, estas enfermeiras tinham as de assistir feridos em locais de combate, muitas vezes debaixo de fogo, fazer evacuações dentro do território africano e entre as colónias e a metrópole de combatentes feridos ou doentes e dos seus familiares, bem como das populações locais. Trabalharam em diversos hospitais, como no Hospital Militar Central, no Hospital da Força Aérea de Lisboa, no Hospital das Forças Armadas na Ilha Terceira, nos Hospitais de Luanda, Lourenço Marques, Nampula e Guiné-Bissau e nos postos médicos das tropas paraquedistas da Força Aérea no continente e nas colónias. Participaram igualmente em evacuações em Goa e em Timor.

Entre 1961 e 1974, realizaram-se nove cursos, onde se formaram 46 enfermeiras paraquedistas, 23 delas oficiais e as restantes sargentos. A sua última missão, em 1976, consistiu na. evacuação de civis de Timor para Lisboa.

Ao longo de mais de uma década no teatro de guerra apenas há a lamentar uma morte, a de Celeste Ferreira Costa, atingida pela hélice de um helicóptero na Guiné.

Num tempo em que às mulheres era reservado o papel de “fada do lar”, elas romperam com o socialmente estabelecido e contribuíram para uma nova imagem da mulher, daí não admirar que tivessem honra de primeira página nos jornais e revistas e nos noticiários da rádio e da televisão.

Eram eles quem combatia e prestava os primeiros socorros nos teatros de operações em Angola, Moçambique e Guiné, onde as enfermeiras paraquedistas os iam depois buscar e transportar para os hospitais de retaguarda. "Levantavam bastante o moral" das tropas, garante aquele oficial paraquedista na reforma.

Os enfermeiros eram militares a quem se dava um curso de enfermagem, enquanto elas já eram enfermeiras de origem - e a confiança que inspiravam nos feridos era tanta que se criou quase uma lenda no campo de batalha: acreditava-se que quem chegasse vivo ao helicóptero "tinha uma grande probabilidade de sobreviver".


Além dos teatros de guerra africanos, algumas das primeiras enfermeiras paraquedistas participaram logo em dezembro de 1961 - e em maio de 1962 - na evacuação de civis e prisioneiros militares portugueses de Goa para Portugal.

Duas das enfermeiras, que ficaram conhecidas como as "Seis Marias", foram condecoradas a título póstumo: Maria Zulmira Pereira André e Maria Nazaré Morais Rosa de Mascarenhas e Andrade.

As outras quatro foram Maria Arminda Lopes Pereira Santos, Maria do Céu da Cruz Policarpo Vidigal, Maria Ivone Quintino dos Reis e Maria de Lourdes Rodrigues.

"Reconhecer o seu mérito é de inteira justiça", disse o tenente-coronel paraquedista Miguel Machado, diretor do site especializado Operacional, adiantando que essas enfermeiras "completavam o trabalho dos enfermeiros paraquedistas que estavam na linha da frente".

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