quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O CANHANGULO

"O CANHANGULO"

Em 1971-1972 estávamos em Chipera, conjuntamente com a companhia de Caçadores 2758 e nessa altura muitas operações se efectuaram, algumas de elevado risco para os nossos valorosos homens que com enorme esforço mantinham a segurança próxima em redor do aquartelamento de Chipera.

Por essa altura já tínhamos sofrido alguns ataques ao conjunto militar, prontamente repelidos pelas nossas forças e já aqui relatados. Estas fotos obtidas por alguém retratam esse dia da operação.

Certo dia, após a notícia de avistamento de elemento terrorista no mato, começou a desenhar-se uma operação de captura desse elemento da Frelimo, que prontamente foi cercado no mato pela nossa tropa.

Acossado pelos militares o elemento inimigo refugiou-se numa palhota improvisada em pleno mato.

A companhia de operacionais que nessa altura estava em missão era a CCAÇ 2758 e o grupo de combate era constituído por elementos dessa companhia. Não tenho a certeza de quem comandava o grupo de combate se o furriel Afonso Gil ou outro camarada.

Nessa operação de captura onde também esteve envolvido o nosso 2º Comandante o Major Emidio Vicente , que armado da sua metralhadora Israelita, de estimação, prontamente saltou do helicóptero para o terreno da acção, na expectativa de se abeirar do elemento inimigo.



Estava o grupo em aproximação do local onde o dito elemento inimigo se situava, quando foram surpreendidos por um disparo efectuado pelo “turra”. Certamente na expectativa de fazer uma ou mais mortes disparou o seu “canhangulo” carregado de pedras e pedaços de metal, na direcção do soldado mais próximo, que neste caso era o Major Vicente, que de imediato se sentiu atingido na cabeça por um dos pedaços de pedra disparado pela arma do inimigo. De imediato o seu rosto ficou coberto de sangue e prontamente foi socorrido pelos nossos elementos que estavam no terreno. O inimigo foi capturado e levado para interrogatório em Tete.

De imediato o Major Vicente é helitransportado para o hospital de Tete onde foi intervencionado ao ferimento que tinha na cabeça.

Neste entretanto alguns objectos pessoais do Major Vicente ficaram no cenário de guerra. A máquina fotográfica Canon, a metralhadora Israelita, o quico que saltou da sua cabeça logo a seguir ao disparo.

Neste entretanto passaram-se muitos anos e seria interessante reaver alguns desses pertences ou pelo menos saber o que lhes teria acontecido.

Como disse no início julgo que o grupo de intervenção era comandado pelo Furriel Afonso Gil, não tenho a certeza) mas certamente que seria interessante saber o que teria acontecido aos seus pertences, se alguém ainda se recordar disso.

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