quarta-feira, 26 de maio de 2021

A MULHER PORTUGUESA

Ontem escrevi na página do BAT 3843 como a MULHER PORTUGUESA se envolveu na GUERRA. Desde o primeiro dia do cumprimento do serviço militar sempre a Mão feminina esteve no amparo dos militares. Após recebermos as fardas quando iniciamos a recruta, assim que nos deram hipótese do primeiro fim de semana, em casa, ao fim de quinze dias . Era ver comboios, autocarros, poucos veículos privados carregados de jovens militares fardados, onde a mesmas teimavam em não assentar bem nos corpos dos novos recrutas. Então ao regressarmos ao doce lar, onde fomos criados, com as condições existentes na casa de cada um, as nossas Mães ou outras MULHERES reforçaram algumas costuras, cozeram botões, lavaram a mesma farda, para que as ditas novas fardas não tivessem a goma de tecidos novos. Nas casas dos nossos Pais eramos sempre bem vindos, pois gostavam de ver os filhos agora fardados e os novos militares eram apoiados com um grande esforço financeiro pelos mesmos. ( Estou em crer que ao Cumprirmos o famoso SMO. As próprias famílias contribuíam com esforço económico imenso para que nós não passássemos fome.) . Agora dou por mim a pensar, tantas Mães terão passado mal, para que nós fossemos apaparicados nos fins de semana e apoiados financeiramente. Passados sensivelmente sete meses do início do SMO. Cai em cima das famílias uma notícia devastadora.

(ESTOU MOBILIZADO PARA MOÇAMBIQUE).

Quem tem MÃES agarram-se a nós a CHORAR pois elas melhor que ninguém sabem que uns quantos irão morrer. Isto é, tanto esforço, tanto sacrifício e agora contra minha vontade vou dar um filho para a GUERRA. Quando chegávamos a casa lá tínhamos AQUELA SENHORA JÀ COM ALGUNS CABELOS BRANCOS a nossa MÃE á espera de nós, com um sorriso franco disfarçavam imenso a tristeza que transportavam. Também alguns militares já eram casados, outros namoravam como veem a MULHER PORTUGUESA desde a primeira hora sempre nos acompanhou nunca pediu nada em troca a não ser o nosso regresso com SAÚDE.

A estas GRANDES SENHORAS não há palavras que as eleve a um pedestal maior pois tudo deram. Desinteressadamente algumas com um segundo filho a percorrer o mesmo calvário quantas houve que já não tiveram resistência física e não assistiram ao desfecho final. A essas GRANDES HEROÍNAS nunca as vi serem lembradas em festas oficiais pois ELAS são apenas as MÂES dos COMBATENTES DE GUERRA DO ULTRAMAR PORTUGUÊS. A todas as MULHERES de PORTUGAL que viveram junto a nós os dramas da GUERRA COLONIAL o meu IMENSO RESPEITO as glorifico para todo e sempre. Lembro as Madrinhas de GUERRA. Nunca irei esquecer o beijo que levei da minha Querida MÃE na Estação da CP em ESTREMOZ. O último recado. Não sejas mau para ninguém. Passada a comissão veio a LISBOA a receber o seu querido António ambos mais velhos ELA cheia de cabelos brancos e com mais rugas EU diferente do que parti. Naquele instante corri para ELA abraçei-a, beijei-a com rosto cheio de lágrimas naquele forte ABRAÇO senti que estava a ABRAÇAR todas as MÃES de PORTUGAL. 

Feliz é o Homem que teve uma protectora assim.

António Fidalgo - Furriel Miliciano - 3357

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