sexta-feira, 21 de setembro de 2018

CHIPERA MAIO 1971

Entrávamos em Chipera, no distrito de Tete, entre Maio de 1971 e Outubro de 1072, fazendo parte da CCS do BCAÇ 3843, foram 19 meses passados com alguma dureza, pois desde a nossa chegada a esta localidade que ficava próxima da barragem de Cabora Bassa, os ataques começaram a ser mais frequentes, ou não estivéssemos numa zona 100%.
Com o passar dos dias lá nos fomos habituando aquela humidade que se entranhava em nós, aquele calor absurdo, que nos impedia de noite de pregar olho.
Enfim, de uma maneira ou de outra todos passámos por situações idênticas.
Resta-nos recordar os momentos bons, aqueles em que confraternizávamos, quer jogando a bola, o voleibol, ou outra actividade.
Nessas alturas toda a comunidade participava, chegando mesmo a formarem-se algumas equipas de autênticos "profissionais".
Pessoalmente não tinha por missão ser um operacional, apesar de ter tido treino militar para tal. As minhas tarefas eram outras.
Sempre que uma operação militar chegava ao fim (quase sempre com sucesso), havia lugar a um festejo.

Era uma oportunidade para confraternizarmos e beber uma Laurentina fresca.
Nestas patuscadas o difícil era arranjar conteúdo para tal, no entanto com a ajuda de alguns elementos do aldeamento lá se conseguia atingir o objectivo final.

O grupo era divertido quando tinha oportunidade para estas manifestações.
Inventavam-se paródias, contavam-se anedotas, cantava-se a música do Zeca Afonso e outros também populares na época.
Estas patuscadas terminavam quase sempre com uma sessão de fados, onde o Tudela de CCAÇ 2758 era o interprete principal.

Apesar do tempo passado, muitos são os que ainda sobrevivem.
Victor Pessa - Furriel Miliciano

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