C.CAÇ 3357

Bem vindo à Companhia de Caçadores 3357.
Queremos agradecer-te a visita e também, solicitar-te uma intervenção maior neste espaço no sentido de fazeres chegar a todos os restantes camaradas a vivência da CCAÇ. 3357 por terras de Moçambique.
  
A todos o nosso abraço.


Impossível ficar indiferente perante tamanha criatividade e dedicação a uma época, que nos deixou marcas que jamais se apagarão. Apesar de nunca ter estado em Chiringa, reconheço alguns aspectos do aquartelamento por fotografias.
Um trabalho muito interessante.
Parabéns ao António Fidalgo da C.Caç 3357, pelo seu esforço.
Abraço amigo.


Sim!
Vive a CCaç 3357 e aliás com grande sentido de camaradagem, dentro de um acampamento designado pelo nome de CHIRINGA.
Está cercado de morros por todos os lados ou não fosse um acampamento com uma meia dúzia de casernas branquinhas e que ao esplendor da lua faz lembrar toda a nossa linda Metrópole.
E vamos vivendo no acampamento!
Mais além dezenas de cabanas de gente de outra côr mas que para mim e meus camaradas são vizinhos tal como os da Metrópole. Todo o acampamento indígena tem algo tão selvagem, tão rude que ao penetrar no capim temos vontade de chorar, porque a todo o momento lembramos os nossos lares muito superiores, por pobres que sejam.
Mas lutando porque para isso o nosso espírito de sacrifício nos empurra.
Valentes? Não sei...
Heróis? Talvez...
Só sei que caminhamos e para nós não existem obstáculos, existe sim o nosso pensamento na missão cumprida.
Picadas ou trilhos, que na nossa simples imaginação não cabiam, mas que infelizmente são verdadeiros. E lá vamos carregados com a arma, o cantil, as cartucheiras e o bornal com o pensamento de que iremos sobreviver para voltarmos para os nossos entes queridos que nos aguardam com tal ânsia como a que sentimos nas horas de perigo.
Voltaremos?
Sim.
(este texto foi escrito por António dos Santos Silva. 1º cabo AP Met)

QUANDO CHEGÁMOS A CHIRINGA

Quando chegámos a Chiringa o nosso Capitão Raimundo começou por organizar a funcionalidade da Companhia assim depois de fazer uma breve consulta aos militares que dispunha escolheu barbeiro, padeiros, reforçou o pessoal da cozinha, alguém que recolhesse umas cabras e porcos que por lá existia, 1 homem para tomar conta da horta , dois homens para fornecer água ás instalações do Quartel e recolha do lixo. Não nos podemos esquecer que o nosso Capitão já tinha feito uma comissão em Angola e como tal já sabia á partida como minimamente se organizava uma companhia em África. O que me leva a escrever sobre isto é que em qualquer situação por mais frágil que seja a equipa que nos entreguem temos que saber tirar partido dela. A dupla escolhida para a água era um soldado Armando e um condutor Abel. 

Claro está que os ditos militares foram logo baptizados pelos outros militares ARMANDINHO e o BELINHO á partida esta dupla era muito difícil ou quase impossível contar com eles para qualquer função mas fizeram um trabalho excepcional um deles nunca soube um posto militar quem o chama-se desde o nosso comandante de Batalhão ao soldado raso o ARMANDO respondia de imediato DIGA FAÇA FAVOR por vezes a gaguejar. O condutor BELINHO era dos homens mais apagados que eu conheci. Uma tarde dou com o soldado ARMANDO a atirar grandes pedras ao GRINGO as mesmas acertavam no africano e este ria que nenhuma criança mandei-os parar com a brincadeira pois o GRINGO já deitava sangue de uma perna e pergunte ao GRINGO porque ria daquela maneira e respondeu-me: “Sabes Furriel eu estou a causar o soldado ARMANDO por isso pode bater á vontade, a tu, eu não posso bater, já viste?” Fazia com o braço dobrado um enorme músculo e diz -me DEUS não me deixa bater, DEUS não permite, que eu bata nele, se não soldado ARMANDO vai-se queixar ao maior dos maiores, e eu tenho que ser castigado. Pergunto então que dizes ao soldado ARMANDO para ele reagir assim? o GRINGO grita “DTGA FAÇA FAVOR”, o soldado ARMANDO estava municiado e começou de novo o ataque, o GRINGO fugiu a rir e dizia: Eu é que estou a CAUSAR. 
Eu fiquei a pensar isto é ser honesto ou é ser justo? Ou será lição de humildade.



O nosso Furriel Cabouco chegou á ESTIMA de coluna Vindo de TETE para chegar até á CHIRINGA afim de fazer a Rendição do falecido Furriel Amorim. Esteve neste quartel três ou quatro dias a aguardar transporte e chegou no avião do Correio numa terça feira. Os meus grandes Amigos Furriéis da ESTIMA dizem-lhe para que ele Tivesse muito cuidado com o Furriel FIDALGO e o Furriel Jung Principalmente estes dois iam-lhe fazer a vida negra, na recepção. A ESTIMA  via Rádio informa-nos que o Furriel Cabouco chegava naquela tarde. Eu combine com o Furriel Fernandes ir-mos espera-lo ao avião. Vamos os dois sem divisas e combinamos com os militares presentes na pista da CHIRINGA para tratarmo-nos  todos por nosso. Após a aterragem eu prontifico-me a carregar a mala do Furriel Cabouco para a Viatura. sendo o Furriel Fernandes mecânico Auto nunca o Furriel Cabouco desconfiava que estava na presença de um  condutor falso. Eu ao pegar na mala o Furriel Cabouco diz-me ó nosso pronto pode -me dizer se está aqui o Furriel Fidalgo. Eu contenho-me de rir e digo ele está no Quartel. Ao levar a mala o Furriel Fernandes diz para eu por a mala no chão porque aqui não havia criados de ninguém era só o que faltava "mainatos" brancos hem. O Furriel Cabouco diz para o Condutor você vai ter problemas comigo. o condutor diz quer ver que o meu Furriel quer-me bater! O Furriel Cabouco sobe para a viatura Eu a mala dele mais dois ou três militares e seguimos para o QUARTEL. O nosso condutor para a viatura próximo do posto rádio vai acabou a Boleia. Saltamos da viatura aparece o 1ºCabo Marcelino e o Furriel Cabouco pergunta-lhe quem é o Furriel Fidalgo? Eu faço sinal ao 1Cabo Marcelino e ELE diz estava agora aqui e foi á cantina. Pego de novo na mala e indico-lhe o quarto. Digo-lhe onde fica a secretaria para ELE se apresentar ao nosso 1ºGonçalves para espanto meu o Furriel FREIRE estava com os galões de Capitão e o nosso CAPITÃO RAIMUNDO com divisas de 1CABO. Este estava de serviço na messe. O nosso 1º Gonçalves vai ao pé do falso CAPITÃO e diz meu CAPITÃO está aqui o Furriel Cabouco que vem apresentar-se tem aqui a guia de marcha o CAPITÃO FREIRE diz nosso Furriel onde tem o boletim de vacinas? Meu CAPITÃO está na mala está a começar mal a comissão com voz autoritária diz vá imediatamente buscar o boletim o pobre do Furriel vai buscar o boletim quase a chorar o nosso Capitão FREIRE diz ao Furriel Cabouco acompanhe-me até á messe. Chegado á messe diz para o nosso 1ºCabo RAIMUNDO ó nosso Cabo diga meu CAPITÃO  traga uma cerveja para os presentes que quem paga é o nosso Furriel Cabouco. O nosso 1º CABO RAIMUNDO trás uma cerveja para os presentes, menos para o Furriel Cabouco, estes diz meu Capitão caso não seja pedir muito e já que sou eu apagar ao menos posso eu beber uma cerveja? Responde o Capitão Freire tem razão, ó nosso Cabo traga lá uma cerveja pró nosso Furriel Cabouco. Acabada a cerveja diz o Capitão Freire o seu a seu dono nosso Cabo dá-me licença tira as divisas do 1º CABO RAIMUNDO e coloca-lhe os galões põe as divisas de Furriel e pede desculpa pela brincadeira da recepção. O Furriel Cabouco pergunta destes todos quem é o Furriel Fidalgo ELE á pouco estava aí mas já não o vejo diz o Furriel FREIRE só apareci ao jantar quando me viu fardado com divisas diz para o Furriel Jung Bem me tinham dito que vocês os dois eram os mais sacanas. O furriel Cabouco foi acarinhado pela Companhia os nossos militares são tramados começam por lhe chamar Furriel Menino Jesus porque apareceu na CHIRINGA muito próximo do NATAL. Chegámos ao fim da comissão no aeroporto da cidade da  BEIRA esquecemo-nos de despedir do Furriel Cabouco. Ele no varandim de repente lembro-me dele chamo todos os Furriéis e damos um enorme ABRAÇO, cá de baixo ELE responde a chorar dá um abraço a ELE próprio antes de entrar no Avião faço-lhe ADEUS. Passado oito meses Eu, o FREIRE e o ALARCÃO vamos buscá-lo á Portela levamo-lo á ajuda desembaraça-se da Guia de Marcha levamo-lo a Santa Apolónia e parte para Penedono de onde é natural. O AMORIM nunca o irei esquecer o CABOUCO também despertou em mim uma admiração muito grande. Aos ausentes por não estarem entre nós que DEUS os guarde ao FERNANDES FREIRE, JUNG, ALARCÃO, FERNANDES, MARCELINO E CABOUCO UM GRANDE ABRAÇO POIS SÃO GENTE BOA..






Aprendi na CHIRINGA que no HOSPITAL militar da Estrela se travava uma batalha sem tréguas, na tentativa de recuperar alguns COMBATENTES que estavam bastante traumatizados pelo efeito da GUERRA a maior parte dos COMBATENTES tinham sido atingidos por tiros, granadas e minas. Ia falando com o Furriel Enfermeiro Pedro Duarte Gouveia Freire GRANDE AMIGO, que dizia que quando tirou a especialidade no HOSPITAL MILITAR DA ESTRELA lidou com situações muito complicadas um dos doentes era Açoriano na Guiné foi vítima de uma emboscada levando treze tiros e um atingi-o no olho e saiu pela parte de trás da cabeça um outro tinha ido ao ar numa mina esta com uma carga muito forte e ele ficou em farrapo este chamava-se MURTA. 
O Movimento Nacional Feminino visitava o HOSPITAL. O Senhor MURTA perguntou às Senhoras do MNF se eram capazes de definir o que é um soldado PORTUGUÊS? As Senhoras disseram ´e um Homem que AMA a sua PÁTRIA que AMA a sua BANDEIRA e que dá a vida pela PÁTRIA caso seja necessário. 
Diz o Sr. MURTA: - Estão redondamente enganadas. UM SOLDADO PORTUGUÊS NÂO PASSA DE UM ALVO PARA AS BALAS EM TEMPO DE GUERRA E UM HOMEM ESQUECIDO EM TEMPO DE PAZ. 
Eu tenho dado comigo a pensar sobre este tema olhem que para um HOMEM cacimbado já previa que os COMBATENTES DO ULTRAMAR POTUCUÊS seriam usados e deitados fora isto é esquecidos á sua sorte. Claro está que foi punido por tal atrevimento. o meu GRANDE AMIGO PEDRO FREIRE á época vivia um drama familiar os seus PAIS tinham falecido nos primeiros oito meses de tropa com o cancro aos fins de semana não tinha motivo para ir a casa o irmão estava em ANGOLA ele durante o fim de semana tratava dos menos afortunados da GUERRA COLONIAL PORTUGUESA. 
Após o nosso regresso dei-lhe um fim-de-semana com os meus PAIS.


FOI HÁ 50 ANOS…
Há 50 Anos no dia 21 de Abril de 1971 quando embarcámos com destino a MOÇAMBIQUE após o embarque aconteceu que o nosso FURRIEL DOMINGUES ao aguardar que o barco largasse as amarras do cais vislumbrou um outro Furriel que lhe tinha dado a Especialidade em LAMEGO de Operações Especiais.
Este tinha tratado mal o Furriel Domingues na dita especialidade. O Furriel Domingues abeirou-se dele e chamou-lhe Palhaço devido ao tratamento impróprio que tinha sofrido da parte dele, o outro em vez de esboçar uma desculpa riu-se. Mal tinha esboçado o riso cínico O Fur. Domingues puxa o braço atrás e dá dois socos na cara dele. Este não esperando de todo aquela acção foi projectado pelo ar meio a cambalear vem ter com o Fur. Domingues Este diz-lhe está visto que não queres chegar a MOÇAMBIQUE. Os que estávamos próximos acabámos por intervir e aquilo ficou por ali. Quando o NIASSA recolhe os cabos e já controlado por dois rebocadores começa muito lentamente a afastar-se com a sua preciosa carga e a poderosa sirene dá dois enormes URROS, os militares do dois Batalhões todos acenar com as boinas, á uma reacção negativa no convés começam a desmaiar Homens por tudo quanto é sítio, aí apercebo-me que chegou a hora de tomarmos conta uns dos outros. 

O NIASSA passa por baixo da ponte Oliveira Salazar e em frente a Oeiras parou imenso tempo, os familiares que estavam no cais alguns seguiram o NIASSA encheram a marginal de Cascais. Eu como não tinha ninguém conhecido na marginal afastei-me para o outro lado do Barco, apercebo-me que encostou uma lancha da Policia Marítima que trás consigo dois jovens apoiados em duas moletas ambos Furriéis, do NIASSA arreiam uma escada, um dos marinheiros do navio desce a dita escada e traz com ele duas malas de viagem, os militares sobem as longas escadas com imensa dificuldade e só depois seguimos viagem. Conheci bem os militares a quem demos boleia eram feridos por MINAS em MOÇAMBIQUE e como tinham menos de um ano de comissão cumprida, tinham que lá voltar para acabarem a comissão deles. O REGIME já não tinha coragem para expor os seus deficientes de GUERRA. Assim eu naquele dia triste para muitos, vi pela primeira vez na vida, dois mutilados da GUERRA COLONIAL POTUGUESA. Comecei a pensar quantos de nós iriam ter este destino.


Numa operação realizada na zona da CHIRINGA a nível de Companhia o nosso CAPITÃO RAIMUNDO com o pelotão dos GRINGOS tiveram uma troca de tiros com a guerrilha. Iniciaram a perseguição ao grupo que os atacou, mas não tiveram grande sucesso, porque apareceu uma linha de água com bastantes pedras no meio da linha de água e pensa-se que os guerrilheiros se afastaram utilizando as ditas passadeiras naturais.

O Comandante do grupo de guerrilha era HAMA THAI.  Muito raramente temos conhecimento de pormenores da guerrilha contado pelos mesmos.

O nosso saudoso CAPITÃO RAIMUNDO quando fomos para MABUTACUANE foi requisitado pelo Senhor Coronel Rodrigo da Silveira em virtude do CAPITÃO que estava a Comandar a PSP do SONGO CAPITÃO RIQUITO ter tido um acidente de helicóptero e ter partido uma perna.

Logo o Sr. Coronel Silveira gostava imenso do nosso CAPITÃO após este ter passado o NATAL connosco mexeu as suas influências e colocou um CAPITÃO de sua confiança no SONGO por ter ocorrido mais uma restruturação no CODCB. O Sr. Coronel Rodrigo da Silveira ficou a comandar o destacamento policial do SONGO e fez questão de ter um CAPITÃO da confiança a trabalhar com ELE.

Nós aproximamo-nos do fim da comissão, o Sr. Coronel Rodrigo da Silveira sai da ESTIMA em finais de 1973 e é substituído pelo Senhor GENERAL Duarte Silva.

O nosso capitão RAIMUNDO perante a saída do Sr. Coronel SILVEIRA manifesta vontade em sair também, porque na sua vida militar já tinha tido um pequeno problema com o SR. GENERAL Duarte Silva. então queria saír. Só que o Sr. Coronel sensibilizou o nosso CAPITÃO, este tinha casado com uma senhora que trabalhava no Hospital do SONGO e o nosso CAPITÃO RAIMUNDO acabou por ficar.

Passado meses dá-se o 25 de Abril, a Barragem já estava a encher e o nosso capitão recebe o elemento da Frelimo, que o irá substituir. Nada mais, nada menos que o Guerrilheiro HAMA THAI.

Foi o Comandante do grupo de combate, que atacou a CHIRINGA, em 28 de Dezembro de 1971. Quando viu o nosso CAPITÃO diz-lhe:

- Tu foste o CAPITÃO da CHIRINGA julgávamos que já estavas na Metrópole.

- Sabes tu estiveste numa operação e eu estava com uma pistola, que te cheguei a apontar, mas estava muita tropa contigo e se eu disparasse também morria.

O guerrilheiro teve imensa sorte pois o nosso CAPITÃO não se lembrou de olhar para cima da árvore, porque numa operação em ANGOLA tinham abatido um guerrilheiro encima de uma árvore.

O nosso CAPITÃO contava ESTE episódio muitas vezes.

O guerrilheiro depois da independência passou a General HAMA THAI.

O nosso CAPITÃO por cá foi para a Guarda Fiscal de onde saiu reformado como MAJOR.

Quando falava comigo dizia muitas vezes que saudades tinha de ter sido CAPITÃO.

QUE DEUS O GUARDE E A TODOS COM QUEM PARTILHOU A VIDA QUE ESTÃO COM ELE.


Em Tacuane também se praticava futebol. Com elevado espírito desportivo e de camaradagem  aqui estão duas  brilhantes equipas. (Floriano Fernandes) .

Pedra em Tacuane junto à cascata perto do quartel. Momento de relax !!!



Vista da entrada traseira do nosso aquartelamento em Tacuane. Vista geral do monte Mabu que, como sabemos, ficava muito próximo. Entre os pavilhões e o monte vê-se a floresta que circundava o quartel. Na encosta do monte é possível observar a água, que ainda escorria depois da chuva. 

Como certamente se recordam, o monte tem várias zonas de rocha sem vegetação que permitiam aqueles efeitos. Por outro lado, a sua altitude originava algumas características atmosféricas próprias com chuva frequente só naquela zona. Um forte abraço. José Morgado Nascimento Almeida C.caç.3357.

A CASA DO LADO DIREITO É O CCP E AS TRANSMISSÕES. EM FRENTE UMA DAS CASERNAS.

Todas as instalações destinadas ao Aquartelamento tinham telhados em telha zincada. Pelo estado exterior dos edifícios pode-se fazer uma pálida ideia das mordomias que a C,CAÇ.3357 usufruiu neste quartel. Tinha uma moldura verde espetacular bem como a grande mancha de Plantação de chá. { notem este chá era todo exportado para o nosso mais antigo Aliado na Europa a Inglaterra. A Empresa transformadora do mesmo era a CHÁ MADAL ] Este aquartelamento ficava muito aquém das mínimas necessidades de salubridade. Mais uma vez os COMBATENTES do S. M. O. foram bem apoiados pelas instâncias superiores. UM ABRAÇO A TODOS OS QUE SOFRERAM ESSAS VICISSITUDES. NUNCA ESQUEÇAM TUDO EM NOME DA PÁTRIA. Ao lado direito da FOTO estava o CCP mais as Transmissões neste local o nosso 1ºCABO FRANCISCO DE JESUS MARCELINO Bateu á máquina todos os completos dos E. R. para passarmos o devido material á Companhia que nos rendeu. Por aqui dissemos adeus á ZAMBÉZIA e de seguida adeus a Moçambique.

O TRANSPORTE MAIS DESEJADO DA C.CAÇ.3357 O REGESSO. NA BEIRA.  OS    T. A. M.

Rui Fernando Pimpão Pinto
Para mim foi um dia triste, pois fiquei na comissário liquidatária da Companhia. Nesse dia chorei.
...
António Fidalgo
Na vida é sempre assim tristeza para TI imensa ALEGRIA para quem virou costas ao continente Africano. UM ABRAÇO. Pelo teu DIA triste.
Este sim o dia de respirar um pouco de ar puro, para a maioria dos efectivos do Serviço Militar Obrigatório o início da verdadeira LIBERDADE. No horizonte próximo a realidade era outra. Procurar trabalho, porque esta triste epopeia das nossas vidas tinham chegado ao fim. Por mim foi vivida uma experiência muito negativa, a nossa geração não era merecedora de tantos sacrifícios. Tanto sofrimento. Salvou-se a AMIZADE caldeada neste TEATRO
...
Jose Morgado Nascimento Almeida
Era um Boeing 707 com capacidade de transporte de cerca 140 pessoas, uma Companhia de cada vez, portanto. Era um verdadeiro avião comercial e possuía cerca de 10500 quilómetros de autonomia. Foi um dia inesquecível! Fizemos escala em Luanda. A Força Aérea tratou-nos como pessoas. Ainda hoje conservo os respectivos talões dos T.A.M. Quando saímos do avião, em Figo-Maduro, a caminho do RAL1 e vi a família do outro lado do vidro, fiquei meio paralisado, pois ainda tinha dúvidas se era verdade. Nos dias imediatos tive alguns sonhos complicados. Um Forte Abraço a todos


Esta fui a arma que vos deu segurança em ÁFRICA ao todo cada COMBATENTE transportava carregadores 5  mais a arma 7.60 Kg.


A COZINHA DE CHIRINGA

Antonio Fidalgo
Sabes estava lá um 1º Sargento da Engenharia a continuar a construção do Quartel mas passado pouco tempo a comissão dele findou e nós com os meios que dispunha-mos tivemos de nos jogar ao Trabalho. As praças almoçavam e jantavam sentados em frente ás casernas. Logo teve de rapidamente arranjar-se cobertura em CAPIM para o telhado do refeitório e instalação eléctrica. De seguida fomos tornando as instalações com mais funcionalidade todos contribuímos imenso com os conhecimentos que tínhamos. UM ABRAÇO. Do trabalho nasceu a união.



HÁ ESPERA DO OUTRO LOUCO PARA IRMOS PASSAR O FIM DE SEMANA A VILA COUTINHO. OS DOIS SOZINHOS NA PICADA MAS ACOMPANHADOS PELA HK21. OS TURRAS TINHAM MAIS MEDO DE NÓS QUE DO CAPETA. O OUTRO LOUCO ERA OU É O ALFERES RUI SOUTO MEU DESTINTO COMANDANTE.


FOTO DO FURRIEL JUNG A CAMINHO DE MAIS UMA OPERAÇÃO.



HELIPORTO DA CHIRINGA FOTO DO FURRIEL JUNG.
Aqui temos em primeiro plano o ninho com a BREDA. a seguir ao arame farpado após este o campo da bola. Cada vez que por aqui estacionavam helicópteros era sinal de OBRA GROSSA.


MORROS DA CHIRINGA FOTO CEDIDA DO FURRIEL JUNG.

A CHIRINGA rodeada de morros.


JOSÉ LAMEIRA na CHIRINGA



Lembras-te destes três Elis? estávamos para ir para uma operação e o que estava no ar incendiou-se teve de baixar para apagar o fogo e reparar.




José Jung
A equipa de graduados. Falta um que tirou a foto. Silva, Domingos, Eu, Vaz, Leite, na parte inferior estão Cabouco, Fernandes, Inês, Freire e o Capitão Raimundo.

RÁDIO THC-736 FAZIA PARTE DO EQUIPAMENTO DA CHIRINGA NUNCA USADO POR NÓS   USAVAMOS O   AVP-1.

TRAVESSIA COMUM A TODOS OS AQUARTELAMENTOS DO NORTE DO RIO ZAMBEZE.

Visitando a Catedral


RADIO  ANGRC-9  USADO POR NÓS EM MABUTACUANE FOI SBSTITUIDO PELO RACAL TR-28 A

FOTO TIRADA NA CHIPERA GRUPO DE AMIGOS.

Miniatura horta da CHIRINGA E POÇO COBERTO COM CHAPA DE ZINCO.

Com paus palha e madeira podemos escrever páginas das nossas vidas referentes á GUERRA COLONIAL PORTUGUESA É uma questão de oportunidade pois ao fazer miniaturas das construções que nos rodeavam estamos a ver um filme que fez parte das nossas vidas.


Este pedregulho ficava no caminho de Nova Freixo  para Nampula ( o nome já não me lembro) e o nome do meu companheiro também já não me lembro (ai os 70).

José Jung - Lembram-se desta mulher? Foi apanhada a primeira vez grávida, fugiu do nosso aquartelamento com roupas e comida e passado uns tempos voltou a ser apanhada já com o bébé.



Nos primeiros dias de viagem no NIASSA fui abordado pelo nosso Capitão Raimundo afim de falar comigo sobre a organização da Cantina e apresentou-me um condutor o Grande Amigo MOURISCO.

Que saudades tenho deste Bom Homem que eu não conhecia mas por imperativo do nosso Capitão tive que falar todos os dias durante a Comissão pois ele com a Especialidade de condutor foi para cantineiro ficou o Furriel Fernandes sem um bom elemento.

Toda a Companhia carinhosamente o tratavam por CANTINEIRO porém outros aproveitavam muito uma frase dita por ELE quando algo não corria bem.

"AI QUE COISA MEU DEUS VÓS NÃO ENTENDEIS" e então por vezes chamavam-lhe o COISA o soldado Português em regra geral é bom observador e oportuno como é tira logo partido das coisas. Eu tentei não ficar com a responsabilidade da cantina, pois tratava-se de algo relacionado com dinheiro e não queria ter nada que ver com essas situações, mas o nosso Capitão disse-me nós todos temos que contribuir na medida do possível para que a comissão corra bem. Pois alguém me tinha alertado que noutras comissões os graduados, que tinham tido essas funções quase todos tinham tido problemas. 

Chegado á CHIRINGA, meio contrariado lá tomei conta das contas da Cantina. tinha de entregar todos os dias o dinheiro realizado ao nosso 1º Gonçalves Este foi o próprio Padrinho dele quando algo não estava bem ameaçava eu dou-te uma ripada logo deixou de ser o 1º Sargento Gonçalves e foi promovido a 1º RIPAS. Ao fim de cada mês tinha de fazer o inventário e os mapas mensais estes por sua vez batidos á máquina pelo nosso escriturário Rui Fernando Pimpão Pinto este Amigo para além do trabalho dele ainda levava todos os meses com os mapas mensais, que eram grandes. 
Por vezes faltava nas contas três escudos sobre os lucros o nosso Capitão Gritava comigo tenho que lhe dar uma porrada Eu para com os meus botões e que mau génio que o HOMEM tem por três escudos no mês seguinte sobejava cinco escudos sobre os lucros verificados ninguém gritava comigo olha que á dinheiro a mais levas uma porrada vais para o mato Tu e o Cantineiro. Porque o mato naquelas paragens era a BORRACHA dos incompetentes. 
No fim dos meses tinha mapas a fazer das TRMS. e do CEN.CRI, felizmente tive excelentes auxiliares nas pessoas de 1ºs Cabos Francisco de Jesus Marcelino e Eurico Palma. A todos agradeço o auxílio prestado. Á uns anos idos fui a Castelo Branco com o meu Amigo Floriano Fernandes Para visitarmos o nosso Capitão Raimundo ele estava muito bem disposto e feliz por receber dois Antigos Furriéis da sua C,CAÇ.3357. 
Claro que tivemos de abordar temas sobre o nosso passado Eu pelo grande carinho e amizade que tinha por ele referi-me á cantina e disse-lhe ó agora ó quando o meu Capitão me queria dar uma porrada por três escudos, quando as contas não estavam certas ELE levantou a voz reagiu assim queres ver que não tinha RAZÃO, perdi uma boa oportunidade para te por nos eixos. 

Nesta data já estavam a germinar alguns GRANDES BURLÕES DA NOSSA PRAÇA. Tenho imensa Saudade do Sol. MOURISCA, Capitão RAIMUNDO 1ºSargento GONÇALVES QUE DEUS OS GUARDE fizemos parte da mesma FAMÌLIA durante aqueles longos muito longos dois anos.


O DIA MAIS NEGRO DA C.CAÇ.3357. O dia 31 de Agosto de 1971 tinha-mos uma coluna a caminho de TETE por volta das cinco da tarde somos informados na CHIRINGA que tinha ocorrido um grave acidente já relativamente próximo da ESTIMA. Que havia vários mortos entre ELES dois Furriéis. A partir desta hora não soubemos mais nada pois as transmissões deixavam de comunicar. Cai no Aquartelamento uma informação que nós nunca queríamos ouvir. Sabíamos quantos furriéis iam na coluna da C.CÇ.3357 e sabíamos que a Coluna era acompanhada por mais viaturas da CCS do BAT3843. Passamos a noite a tentar adivinhar quais seriam os falecidos, no dia seguinte nunca tinha assistido. Quase toda a Companhia sentada em volta do posto rádio alguns com lágrimas nos olhos quase todos de cabeça baixa e bastante, abatidos pois todos temiam a notícia que tardava em chegar e a mesma não era boa. Assim que as transmissões o permitiram fomos informados, do trágico acidente e que a C.CAÇ3357 tinha perdido para sempre o Furriel CARLOS ALBERTO AMORIM e um outro Militar Africano natural da Cidade da Beira por conseguinte Moçambicano. Peço desculpa não sei o nome DELE Caíu sobre todos um manto de tristeza os mais chegados não conseguem reter as lágrimas, os que conseguem conter-se amparam os mais fragilizados, foi sem dúvida o quadro mais triste que vivi na C.CAÇ.3357. Somos ainda informados de que também faleceu um Furriel da CCS do BAT 3843. Após a notícia por ordem do comandante de Companhia é prestada homenagem a todos os COMBATENTES falecidos. É formado uma força militar perante o monumento da BANDEIRA NACIONAL esta foi hasteada á meia haste e feito três salvas de tiros, com toques de corneta executado pelo o exímio 1ºCabo Nelson. O toque de Silêncio e em seguida o toque de Alvorada. Os que estávamos no Quartel da CHIRINGA todos parámos para prestar a sentida HOMENAGEM a todos os falecidos no brutal acidente de viatura. A C.CAÇ3357 só passou uma vez por esta situação eu senti imenso o desaparecimento do AMORIM pois gostava imenso dele até tínhamos marcado férias juntos em Novembro de 1971, estas foram boas para mim mas sem o SÓCIO como ELE carinhosamente me tratava foram um pouco tristes, pois senti imenso aquela falta de apoio. A todos que faleceram naquele malogrado dia É COM IMENSA EMOÇÂO QUE ESGREVO QUE DEUS OS PROTEJA

O 1ºCABO Kitólas com a especialidade de enfermeiro era um Homem que tinha o hábito de reinar com tudo. Estando ele como enfermeiro a C.CAÇ 3357 estava a apoiar a Engenharia na construção de uma Picada nova lá para os lados do CHIPUTE. Como a construção da dita PICADA ficava um pouco afastada tinham de lá fazer uma base ao mesmo tempo para além de montarem a segurança á Engenharia, tinham de guardar a PICADA acabada de construir, pois a guerrilha nesta zona tinha bastante actividade e a PICADA nova era o sítio ideal para colocar MINAS. O nosso1ºCabo Kitólas com o saco de enfermagem ás costas, porque no início da comissão até tinham carregadores para o saco de enfermagem e rádio mas os carregadores africanos durante a noite bebiam o alcool e o soldado João Marques a carregar com o rádio RACAL, porque na zona da GUERRA, um carregador fugiu com um rádio e a partir daí, os rádios só podiam ser transportados pelos operadores. Quando saíram de patrulha no regresso á base, ficaram um pouco para trás, devido ao peso que transportavam, mas a guerrilha estava próxima, deixaram passar os atiradores, não se manifestaram e com bastante calma puseram-se a espreitar os COMBATENTES acabados de passar. O nosso 1ºCabo Kitólas e o João Marques apercebem-se da movimentação da Guerrilha e o Kitólas diz para o João Marques, olha vamos por a G3 na posição de rajada, fazemos fogo ao mesmo tempo e no próximo dez de Julho o Américo Tomáz. tem de nos por a TORRE DE ESPADA ao peito, por actos de bravura e coragem e está garantido vamos á Metrópelo . Os dois põem os pesos no chão apoiam as armas numas rochas, que estavam entre eles e a guerrilha e ambos fazem fogo, os guerrilheiros surpreendidos enrolam-se no Chão a rastejar, conseguem fugir. Os atiradores estão no acampamento lembram-se que aqueles dois tinham ficado para trás, acorrem em auxílio destes. Não mataram ninguém. Encontraram no chão uns carregadores e uns cintos Diz o Kitólas ó João Marques nós não matamos ninguém, a TORRE DE ESPADA fugiu, mas eles enquanto viverem têm que contar que estiveram no fim da vida. Ao João Marques que DEUS o proteja ao Kitólas um GRANDE ABRAÇO e BOAS MELHORAS.

Convívio de 2017, em Rio Maior, da C.Caç.3357








Estivemos aqui de finais de Nov. de 1972 até Maio de 1973.

Foto gentilmente cedida por: José Morgado Nascimento Almeida Estivemos aqui de finais de Novembro de 1972 até Maio de 1973.

8 comentários:

  1. FUI DA 3ªCª DO BAT.4810 E PASSEI 23 MESES METIDO NO INFERNO DE CHIRINGA E QUERO DEIXAR UM ABRAÇO DE AMIZADE A TODOS OS CAMARADAS QUE ANTES PASSARAM POR AQUELE LOCAL EM ESPECIAL A Cª 3357 BAT. CAÇ 3843 QUE OS FOMOS SUBSTITUIR SÓ QUÉM POR LÁ PASSOU SABERÁ O QUE SOFREU.

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  2. Em Maio 1971 Cheguei a este Aquartelamento fui Fur. das TRMS. da CCAÇ.3357 Ao José Nogueira envio um abraço pela publicação da mesma, caso esteja interessado através do youtube, escreva comp.3357 , fica com acesso a uma maquete executada por mim do referido quartel. António Fidalgo

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  3. Eu estive en Chiringa c/c 3357 eu sou o ventura de caldas da rainha

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  4. Eu sou o antigo alferes Teixeira da mesma companhia.Quem me quiser contactar , o meu numero é o 919438260.Abraços a todos

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  5. Meus Amigos : Faz hoje 49 anos que embarcamos no velho Niassa rumo a Moçambique. Quem diria que quase meio século depois, ainda havia motivação e saudade para recordar esse dia tão importante nas nossas vidas. Nessa época éramos muito jovens e talvez com uma certa dose de imaturidade da vida. Hoje, 49 anos depois e neste momento tão difícil que estamos a passar, quero saudar todos os que por lá passaram na nossa querida c. caç 3357. Que tenham muita saúde junto dos entes queridos. Abraço a todos e até breve se Deus quiser.

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    1. amigo teixeira eu fui da partida un abraço

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  6. eu tambem estive na chiringa 3357

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    1. Ola a todos. Espero que estejam todos bem. Sou o Furriel Fidalgo .Caç 3357. Se estiverem a pensar fazer um almoço, contem comigo. Abraço 966635531

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O BCaç 3843 agradece o seu comentário.